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Academias: alguns preocupados com o corpo, outros com o emprego

Profissionais do segmento não entendem porque "tudo abre" menos as academias

15 abril 2020 - 11h15Gabriel Neves    atualizado em 15/04/2020 às 13h09

Os moradores de Campo Grande presenciaram os comércios da região central se abrirem na segunda-feira (6), o camelódromo começou a receber clientes na terça-feira (7) e a olhos nus, a rotina volta a ter ares de normalidade na capital.

Em meio a um afrouxamento nas medidas de isolamentos, existem aqueles que se perguntam “e as academias?”, aliás manter o corpo ou buscar o “shape inexplicável” usando treinando em casa não é nada fácil.

Entre os que defendem a reaberturas de academias e locais de treinamentos, existe um tripé, três grupos que inflamam esse sentimento de necessidade de reabertura, entre eles estão os alunos, que querem voltar com suas rotinas e manter o corpinho, os empresários, vendo suas rendas caírem e seu negócio quebrando e os profissionais, com medo de que atual situação resulte em demissões.

Entre os três todos se consideram “reféns” da situação, alias ninguém é culpado por uma pandemia global ser instaurada por conta de um novo vírus, todos tentam burlar a situação como podem, uns treinam em casa, outros cortam gastos para manter a empresa, alguns apenas rezam para não perderem o emprego.

A reportagem conversou com treinadores que atuam em academias de Campo Grande, suas identidades não serão reveladas para que seus empregos e trabalhos não sejam afetados.

“Tem uma outra academia que eu trabalhava que eles demitiram o pessoal outros eles suspenderam os contratos”, afirma uma treinadora, ao JD1 Notícias, dizendo estar com medo do seu futuro profissional.

Ao ser questionada se existe o medo de contaminação, a treinado revela que sim, mas acho que o vírus pode ser evitado caso medidas de segurança sejam respeitadas e ainda completa afirmando, “quero pagar as contas, porque essas não esperam”.

Uma segunda entrevistada revela compartilhar do mesmo sentimento de insegurança em relação ao seu emprego, “todos nós estamos sujeitos a sermos demitidos, a maioria dos profissionais de educação física está com medo”.

Ela disse que a saída encontrada no local onde trabalha foi inundo o conhecimento com a tecnologia, em dias onde o contato físico se tornou um risco, as lives podem ser a salvação.

“Nós montamos um quadro de horários para trabalharmos por live no instagram, é uma forma de continuarmos com as aulas e recebermos pelo serviço, além disso, nós estamos pensando em mil coisas para tentar passar por este momento”, explicou a segunda treinadora entrevistada.

A demissão se tornou um dos principais pontos de argumentação dos donos de academias, revelando ser uma das únicas opções disponíveis para que as portas de seu negócio não se fechem.

Como o dono de dois centros de treinamento funcional, Marcos Freire, 26 anos. Ele alega que não conseguirá arcar com todas as contas e pagamentos de funcionários, pois toda sua renda vem da mensalidade, não pagas neste mês de abril, por conta das portas fechadas.

Marcos se mostra preocupado com a pandemia, mas alega que precisa das academias abertas para não demitir funcionários, ele revelou que precisou dispensar dois profissionais neste mês pois não poderia pagar os salários, já que não existiram mensalidades pagas no mês de abril.

Os alunos aceitam treinar em casa, mas preferem o ginásio

Fechando o tripé temos os alunos, que entendem a importância do isolamento, mas não aceitam que as academias sejam os “únicos” lugares que não possam abrir.

Mayara Van Der Lan, 28 anos, já acostumada com a rotina diária de treinos, diz que consegue se virar bem em casa, com foco ela afirma ter perdido 2,7 quilos em 20 dias isolamento, mas não nega a saudade que sente do centro de treinamento.

Apesar de se revelar contra o afrouxamento no isolamento, ela se questiona porque as academias não podem abrir, “mais aí te pergunto, já afrouxaram tudo, mercado, lotéricas, feiras livres... Porque não as academias? Afinal, qual a coerência nisso?”, indaga Mayara, buscando entender os motivos das medidas adotadas pelo poder público.

Carlos Henrique, 22 anos, disse ser um entusiasta da musculação, ele revela que antes da pandemia de coronavírus fechar as academias ele costumava treinar duas vezes ao dia, e agora está tendo que improvisar em casa, “no momento estou fazendo mais exercícios com peso corporal”.

Ao ser questionado sobre o medo do coronavírus ele alega que é possível continuar com a rotina normal, caso “cada um faça a sua parte“, entre os cuidados que ele que tomaria estão “evitar contato com outras pessoas”, “ir na academia em horários estratégicos” e “lavar a roupa assim que chegar em casa”.

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