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Entrevista

“Diálogo franco e aberto, olho no olho”, afirma Junior Mochi

Deputado fala sobre sua trajetória política, da campanha para o Governo do Estado e do “Expresso 15”

25 agosto 2018 - 08h52Da redação

Candidato ao Governo do Estado pelo MDB, o entrevistado do JD1 Notícias é o presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, deputado Junior Mochi. Ele revelou detalhes de como será feita sua campanha e os motivos pelos quais acredita que deve ser eleito governador do estado

JD1 Notícias – Seus principais adversários, Odilon de Oliveira e Reinaldo Azambuja, já estão há pelo menos dois meses se estruturando. É possível recuperar esse tempo, principalmente por conta do prazo apertado?
Junior Mochi –
Com certeza. Afinal, nós já estamos com tudo armado também. Três dias foram suficientes para nos organizarmos. O material já foi rodado e já começou a ser distribuído, assim como o dos outros. Contratamos a produtora, tanto para a chapa majoritária quanto para a proporcional. A equipe de produção e de mídia social estão prontas e trabalhando. Todas as outras questões básicas para uma campanha estão sendo encaminhadas. Obviamente, a nossa campanha é diferente da dos outros, será mais simples, mas nem por isso deixa de ser competitiva. Temos uma ideia em mente, queremos visitar todos os 79 municípios de Mato Grosso do Sul. Vamos percorrer, de quinta até sábado, toda semana, cerca de 12 municípios. Lá realizaremos a caminhada, ouviremos a população, faremos pronunciamentos. Durante três ou quatro dias, até porque não me licenciei do cargo e vou procurar conciliar as sessões. Nos dias em que eu estiver no “Expresso 15”, a minha vice continua as reuniões em Campo Grande ou em algum lugar específico, onde seja importante que estejamos.

JD1 Notícias – O senhor foi um apoiador do governo Reinaldo e os projetos dele todos foram aprovados na Assembleia sob seu comando. Esse fato não acaba tirando uma possibilidade de fazer uma campanha de oposição?
Junior Mochi –
É importante termos bem claro uma coisa: como presidente da Assembleia, que fui durante esse quase quatro anos, cabe cumprir um regimento. O que significa que todas as matérias, não só as de interesse do Estado, mas de outros poderes e dos deputados, nunca tiveram suspensão da sua tramitação, sempre foi cumprido integralmente o regimento. A base aliada do governo, da qual o MDB participou, até porque o MDB participou no apoio a ele no segundo turno das eleições passadas, mas nunca teve espaço, por exemplo, nunca participou de secretarias, de órgão, de nada do governo. Nós demos sustentação política, auxiliamos a dar governabilidade, até porque se a situação era difícil, imagine se não tivesse tido nosso apoio. Agora, nosso pensamento está voltado para o Estado, com ideias em relação à maneira de administrar, que são divergentes em vários aspectos do atual governo e é isso que vamos propor na campanha. Em nenhum momento dissemos que temos uma candidatura de oposição sistemática ao governo. Vamos apresentar nossa propostas, nossas ideias, o que pensamos e queremos para Mato Grosso do Sul.

JD1 Notícias – Os números das pesquisas mostram um contingente de indecisos, que é maior inclusive do que os números das candidaturas colocadas atualmente. Isso quer dizer que aqueles que buscam o novo ainda não encontraram um nome que se identifique com essa proposta?
Junior Mochi –
É justamente neste ponto que reside um dos motivos principais da minha candidatura. Com base nas informações colhidas de vários institutos de pesquisas, o número de indecisos, que não escolheram nenhum dos candidatos ou que não querem votar por “n” razões é muito grande, é superior ao número da manifestação em relação aos candidatos. As candidaturas já estão postas há mais de seis meses. Elas foram construídas com mais tempo e mesmo assim nenhuma delas encantou o eleitor, porque se fosse o contrário não teríamos o grande percentual de indecisos que aparece nas pesquisas. O nosso desejo nessa caminhada é demonstrar que eu posso ser essa alternativa, essa terceira via que possa realmente mostrar ao eleitor que temos história de gestão com ótimos resultados com prefeito do município de Coxim, gestão da Assembleia Legislativa por quatro anos, e o nosso trabalho está aí, para todo mundo ver. A Assembleia Legislativa teve um fortalecimento junto à opinião pública muito grande nos últimos quatro anos em que estive à frente. Temos experiência política, tanto do executivo quanto do legislativo e, ao mesmo tempo, credibilidade pessoal para poder apresentar para o eleitor uma candidatura que possa se encaixar na vontade de encontrar uma alternativa diferente. E nesse aspecto, eu penso que, o eleitor quer uma pessoa, além de honesta, comprovadamente trabalhadora, competente, mas, ao mesmo tempo, alguém que possa ter experiência para não entrar numa aventura. Por isso a nossa candidatura se justifica. A leitura das pesquisas de opinião pública me estimulou a participar do processo eleitoral.

JD1 Notícias – Estas mesmas pesquisas mostram que a população tem duas cobranças principais. Primeiro, segurança e, no mesmo patamar, ética e transparência. Como o senhor vê essas questões?
Junior Mochi –
A ética e a transparência são objeto de uma cobrança muito grande por parte da população, por razão de tudo o que estamos vendo. Há uma verdadeira decepção, desilusão e até revolta da população em relação à política e aos políticos, na sua grande maioria. Essa decepção, obviamente, faz com que muitos não queiram nem votar. O primeiro ponto em relação a isso é tentar convencer a população da importância de participar do processo, de votar. A não participação não contribui, pelo contrário, aprimora o quadro que está posto. Em política não tem espaço vazio, quando não se participa e omite-se, a omissão faz com que aquele que não é desejado, não concorda, ocupe o espaço de poder. É importante, primeiro, despertar na sociedade a importância da participação política. Também despertar a importância de se estabelecer critérios, de fazer juízo de valor acerca do voto, pois ele é o grande instrumento da cidadania para a transformação de uma realidade. Por isso é preciso que o eleitor realmente faça uma análise de todo o conjunto de valores que ele tem e que quer ver em seu representante, e que ele faça uma análise bem profunda dos candidatos. Quando eu fui prefeito, e falo isso para comprovar, não tinha Lei de Responsabilidade Fiscal no primeiro ano. Antes disso, eu tinha uma painel desde o primeiro mês de governo, uma atuação inédita, em praça pública. Ele era enorme, de 12x6, em que eu prestava contas mês a mês. Quanto arrecadava, quais os tributos da prefeitura e quanto era gasto em dinheiro. Ainda colocava em baixo “qualquer dúvida e mais detalhes a respeito das informações pode solicitar que estará a disposição de qualquer contribuinte”. Agimos dessa forma, sempre com ética, não só no exercício do mandato executivo como prefeito, mas durante todo o nosso mandato como deputado estadual. Tanto é verdade que por duas vezes, mesmo sendo de partido da oposição, fui eleito, por unanimidade, presidente da Assembleia Legislativa. O que me habilita e que de mais importante que eu tenho para oferecer é minha história de vida, minha trajetória política. Estou pedindo que o eleitor me inclua dentro dos nomes possíveis e faça uma análise. Após ponderar, que ele possa tomar uma decisão. E, naturalmente, após fazer a análise, eu peço sempre o voto e o apoio das pessoas.

JD1 Notícias – Outro item que consta em todas as pesquisas como uma preocupação preponderante na sociedade é a segurança pública. Qual a proposta do seu governo?
Junior Mochi –
Existe um problema no Estado que precismos realmente resolver, por que o Estado de Mato Grosso do Sul tem 1.500 quilômetros de fronteira, sendo 550 deles de fronteira seca. Um dos graves problemas que o Estado atravessa hoje é justamente o problema relacionado à custódia dos presos cujos crimes são de competência federal, os chamado crimes transnacionais e desse modo se drena uma parte significativa dos recursos da segurança pública para atender à custódia, sem ter a compensação dos gastos por parte do governo federal. É necessário termos um programa que una todas as forças de segurança pública, estadual ou federal, porque o problema das fronteiras não é só de Mato Grosso do Sul, ele afeta o país. O que ocorre no Rio de Janeiro e São Paulo é reflexo, em função do que passa por aqui, como drogas, armas e outros tipos de produtos, o que afeta outros Estados da federação. O Estado de Mato Grosso do Sul precisa estabelecer, de forma urgente, um pacto com a União e com as polícias e todos os atores da segurança pública, tanto federal quanto estadual. Este é o primeiro passo. A segunda proposta é de que haja um acordo bilateral entre os países. Isso é uma exigência. Não adianta criarmos todo um programa de proteção, prevenção e de ação em relação às fronteiras se do lado de lá não for feito o mesmo. É preciso que o governo federal estabeleça esse acordo bilateral com o Paraguai e com a Bolívia para que exista uma ação de segurança pública efetiva, feita pelo Estado de Mato Grosso do Sul ou pelo governo federal e que tenha ressonância também do outro lado da fronteira. Esse é o principal problema que enfrentamos. Também entram outras questões, como ter planejamento de médio e longo prazo para a segurança pública. O Estado está completando 40 anos, a maioria dos policiais que iniciaram já se aposentou e não teve um planejamento de substituição. Houve um período em que ficamos quase 12 anos sem concurso para policiais militares. Precisamos planejar uma reposição do quadro efetivo para os próximos dez, vinte anos. Para traçar, dentro do parâmetro de desenvolvimento do Estado, ações possíveis é necessário também ocorrer um planejamento de concurso público para os policiais, armamento, viaturas, inteligência policial, monitoramento eletrônico. Isso faz parte do complexo que envolve a segurança pública e precisa ter a atenção especial do governo.

JD1 Notícias – Ser do MDB, no momento em que a maior liderança do partido está presa, ajuda ou atrapalha?
Junior Mochi –
Partidariamente eu costumo dizer o seguinte, todos os partidos têm seus problemas. Os partidos que concorrem tem uma pessoa que ou está presa ou tem alguém que foi processado, alguém que tenha um problema que possa ter um determinado resultado, a qualquer momento. Eu sou uma pessoa que nasceu dentro do MDB e estou dentro do partido, até hoje. Se perguntar, fizer uma pesquisa, hoje, a maioria dos políticos já passou por três, quatro, cinco ou seis partidos. Eu construí uma história dentro do MDB. Eu me filiei em 1981, com 18 anos, e presidi a primeira juventude do partido criada no Estado, fui membro de diretório municipal, secretário de diretório municipal, presidente de diretório municipal, fui secretário-geral de diretório estadual, vice-presidente e presidente de diretório estadual. Eu sempre tive uma atuação partidária muito intensa e não adianta eu negar meu vínculo com o MDB porque eu estaria negando a minha história política. Minha trajetória política foi feita dentro do MDB, assim como tem muita gente dentro do MDB que eu discordo dos pensamentos e nem por isso eu saio. Acho que tenho que ficar para mudar. Assim é a atividade política, não adianta não participar, esperando que a política mude, pelo contrário, leve seus conceitos, sua seriedade, sua honradez para dentro e faça com que a política mude porque ela é fundamental para todos nós. Dito isso, eu digo o seguinte, entendo que ser do MDB hoje eu também tenho um legado a defender, uma história e, querendo ou não, temos um percentual importante nesse momento político eleitoral que militância partidária gera. Podemos ter alguns problemas em relação à prisão, mas, ao mesmo tempo, temos outras vantagens porque temos uma militância aguerrida, que participa, vai para cima e contribui muito para o processo eleitoral.

JD1 Notícias – Uma das primeiras reuniões que o senhor fez, assim que foi colocado como candidato a governador, foi para o funcionalismo público, no entanto, o que observamos é que as reivindicações do funcionalismo nunca são amparadas pela calculadora. Elas sempre são maiores que a capacidade de pagamento do Estado, do crescimento, da arrecadação. Como conciliar isso?
Junior Mochi –
Primeiro, a Assembleia Legislativa aprovou a PEC do Teto, e hoje se tem um limite de gastos com o aumento da folha e existem os limites estabelecidos na Lei de Responsabilidade Fiscal, entretanto, é fundamental se ter um diálogo aberto com os servidores. Ele, antes de tudo, é um cidadão e sabe exatamente quando olhamos no olho dele e dizemos isso pode e isso não pode. É o que ele quer, clareza e diálogo nos posicionamentos. Como exemplo claro disso, eu cito que talvez tenha sido o único, não só no Estado, não sei se no país existe outro prefeito que tenha feito isso, mas a primeira atitude que tomei quando ganhei a primeira eleição como prefeito foi chamar o presidente do sindicato e me sindicalizar. Ele se assustou e eu disse, “a partir de hoje eu também sou funcionários público. Tenho meus direitos e deveres”. Participei várias vezes de assembleia. Se perguntarem para os presidentes de sindicatos da época que fui prefeito, nunca deixei de atendê-los, nunca deixei de pôr na mesa e discutir o que era possível, de mostrar a realidade, mostrar quando não dava para avançar nisso. Por isso acho que esse diálogo franco e aberto, olho no olho, é o que o servidor pode esperar, caso eu venha a ser governador, a partir de 1º de janeiro.

JD1 Notícias – Por que o eleitor de Mato Grosso do Sul deve votar no senhor e não no Reinaldo ou no Odilon? Por que o senhor se acha mais preparado do que os dois?
Junior Mochi –
Não vou dizer que me acho mais preparado ou não, cada um tem o seu preparo. O que me habilita, nesse momento, é, volto a frisar, a análise criteriosa da minha história de vida, da minha trajetória política. Eu tive dois mandatos de prefeito extremamente bem avaliados, os dois. Na minha reeleição eu fui o segundo prefeito mais bem votado proporcionalmente de Mato Grosso do Sul e com uma candidatura muito forte, que arrebanhou todos os partidos. Isso demonstra o apoio que eu recebi da população e a aprovação que meu mandato teve. As pessoas podem dar chance uma vez, a segunda é difícil de acontecer, agora a terceira ocorre porque você tem predicados e elas entendem isso, para poder te deixar na atividade política. A minha experiência parlamentar fala por mim, como deputado estadual líder de governo, que é uma coisa difícil durante quatro anos, e como presidente da Assembleia, ao longo de quatro anos. Somando tudo isso e também uma visão humanista, o diálogo franco e aberto é o que as pessoas podem esperar. Sou uma pessoa de fácil acesso. Mato Grosso do Sul, nesse momento, precisa de abertura, que o governante consiga interpretar o sentimento do povo, que ele vá ao encontro dos problemas, que receba as demandas e olhe no olho do cidadão. Acho que a minha candidatura pode inspirar na sociedade e nas pessoas essa lacuna, esse vácuo que temos hoje no processo eleitoral.

JD1 Notícias – O senhor vai fazer sua campanha dentro do ônibus?
Junior Mochi –
O “Expresso 15” vai percorrer os municípios. Vamos escolher, a cada final de semana, uma região e ir para lá. Nessa região, o ônibus vai um dia na frente e me espera. Isso vai acontecer para preparar o roteiro. Eu chego e dentro do ônibus faremos a reunião. Depois, ele vai direto para outra região, que faremos na semana seguinte, para organizar, eu volto porque tenho a Assembleia e os compromissos como presidente em Campo Grande e tem também os dias em que ficarei na capital para atender as reuniões e os atos inerentes à campanha. Na quinta-feira volto de novo para a região onde está o ônibus, que foi na frente. Funcionará assim a dinâmica da campanha com o ônibus.

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