Campo Grande possui uma arquitetura planejada para abrigar uma população de 800 mil habitantes. Com o tempo, a Cidade Morena passa a ser o mais importante polo de desenvolvimento econômico e social do Centro-Oeste e vive um "boom" em crescimento e investimentos.
Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico de Campo Grande, Edil Albuquerque, o motor propulsor para o desenvolvimento é a saturação dos grandes centros, estabilidade econômica e aumento da renda da população que contribuem para que a cidade possa ter condições de oferecer mais empregos.
Entretanto, o desafio é crescer de forma planejada sem que esse "boom" se torne uma catástrofe social e tire um dos principais chamarizes para o investimento: a qualidade de vida.
Os programas sociais e de habitação do governo e ongs também amenizaram a situação enfrentada pelas famílias excluídas, evitando que desabrigados fiquem desalojados por muito tempo. Outro fator preponderante, conforme Levi Ratier, especialista no setor imobiliário é que "não temos favelas em Campo Grande".
Pode-se observar, por exemplo, que os supermercados populares incorporados a grandes redes varejistas atendem famílias de baixa renda, movimentam o comércio local e são reflexo do momento de aparente prosperidade. Grandes redes como a Wal-Mart, San's Club, Fort Atacadista, Subway, Extra, Comper e Giraffas fazem investimentos na cidade.
A construção de três novos shoppings centers mobilizam investimentos de mais R$ 260 milhões e geram mais de seis mil postos de empregos. O Shopping Bosque dos Ypês ainda está em fase de obras, mas já foi lançado no mês que se comemora o Dia das Mães.
Entre a região do Shopping Bosque dos Ypês, e mais próxima ao centro da cidade, está o bairro Cabreúva que receberá o Centro Municipal de Belas Artes que “valoriza a região em 100%”, diz o corretor José Antônio Malaquias. Com assinatura da ordem de serviço feita ano passado, já foram aplicados R$ 9,7 milhões nas duas primeiras etapas, sendo R$ 8,775 milhões repassados pelo Ministério do Turismo e cerca de um milhão de reais como contrapartida da prefeitura.
O prédio abrigará o Centro de Música Municipal Ernani Alves Corrêa, que agrupará a Escola de Música, a Banda, a Orquestra Sinfônica e o Coro, a Companhia de Dança, as Oficinas de Artes Plásticas e Artesanato, a Pinacoteca e a Escola de Teatro.
Na região do centro, o Pátio Central Shopping e o Shopping Norte Sul Plaza, que já estão prontos, dão novo "up" à cidade. Já a região de interesse cultural do centro da cidade que tem um projeto com a Prefeitura de Campo Grande de revitalizar, ao longo de 20 anos a região central custará R$ 270 milhões.
Algumas obras já começaram como a revitalização da Orla Ferroviária, na área da avenida Calógeras, e da Estação Ferroviária que farão parte de um circuito cultural que passará pelo Centro de Belas Artes indo até o Horto Florestal e Mercado Municipal.
Outro setor em expansão é o hoteleiro, a presidente da ABIH (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Mato Grosso do Sul), Cristina Busse e Levi Ratier acreditam que todos os investimentos na rede hoteleira são resultado dos esforços municipais e estaduais.
Cristina afirma que neste ano em 2011 mais empreendimentos deverão ser construídos, principalmente na capital, pois com a Copa do Mundo, em Cuiabá, muito turistas que vão assistir os jogos poderão vir ao estado visitar os destinos de ecoturismo de MS.
No setor imobiliário, Campo Grande vislumbra a construção de várias torres e condomínios por construtoras como a Abiara, MRV, Vanguard, Nova Cap e Plaenge para as classes A, B e C. O governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB) diz que é necessário “manter os incentivos às empresas”.
Só para atender as classes A e B, o Grupo Plaenge que tem 2,2 mil funcionários investiu em Campo Grande, conforme o VGV (Valor Geral de Vendas dos Empreendimentos Lançados) em 2010, R$ 205,61 milhões.
A concorrência não assustou a venda dos apartamentos do 37º edifício da empresa que atua há 23 anos na cidade, o Le Corbusier, situado no Carandá Bosque, foi o último prédio residencial entregue pela Plaenge para atender o público A com vista privilegiada para o lago do Parque das Nações Indígenas. Os apartamentos da Plaenge custam, em média, R$ 300 mil.
“Nós reinventamos os apartamentos decorados na cidade que é copiado por outras empresas do Brasil. Foi aqui que demos início às plantas flexíveis e valorizamos as sacadas com churrasqueira para atender o gosto do campo-grandense”, justifica Édison Holzmann, diretor da Plaenge de Campo Grande.
De acordo com Holzmann, “a meta para 2011 é crescer 15%, com a estratégia de aumentar o mix de produtos oferecidos ao mercado”. Entre as inovações da Plaenge na cidade está a entrega de três edifícios comerciais com salas modernas para atender empresários e seus clientes. Segundo ele, o município era carente deste tipo de serviço e já na entrega do Evolution - o primeiro comercial da empresa -, as 140 salas de 50 m² foram comercializadas quase que imediatamente.
Antes, a capital só tinha como edifício comercial, o Edifício Empire Center, na avenida Afonso Pena.
Na avenida Via Park, próximo da Caixa Econômica, a Plaenge entrega o Edifício comercial Evidence, no dia 30 de junho, que promete ter a mesma tecnologia do Evolution para atender aos empresários. O terceiro prédio que está em construção é o Atriun Corporate que fica na rua Euclides da Cunha.
“O mais importante é a qualidade do atendimento aos nossos clientes e é isso que faz a diferença dos empreendimentos entregues pelo grupo”, aponta Édison.
Classe C
A geração de um mercado novo com a diminuição dos impostos e facilidades de financiamentos, fez com que o poder de compra das classes B e C crescesse e foi onde a Vanguard começou a atender a população de faixa etária de 25 a 35 anos, que procura o primeiro imóvel no valor de R$ 150 mil até R$ 250 mil.
Os edifícios da Vanguard acabam sendo indutores de crescimento e da valorização de bairros como o São Francisco, entre as ruas 14 de Julho e Rachid Neder, que já possui duas torres da empresa e recebe o fortalecimento da rede comercial e de outros empreendimentos.
Fora da área central, esses prédios estão em regiões em fácil acesso e que estão recebendo investimentos grandes da Prefeitura de Campo Grande, como é o caso do bairro São Francisco, segundo explica Édison Holzmann. “Próximos ao Centro de Belas Artes, a Orla Ferroviária e a Orla Morena, no Cabreúva, e a Universidade Católica Dom Bosco, a área será ainda mais valorizada.”
O crescimento da Vanguard não pára, no último Feirão da Caixa e Secovi, em quatro dias a Vanguard vendeu em Campo Grande 15 apartamentos que totalizam R$ 3 milhões. A empresa tem em construção, nove torres e já entregou seis.
Com o fortalecimento nas vendas de apartamentos o reflexo pode ser visto no mercado de trabalho, Campo Grande ganha em geração de renda e emprego com as obras empregando mais trabalhadores com a demanda de serviços.
Alessandra Messias
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