O Índice de Preços ao Consumidor de Campo Grande (IPC/CG) de setembro, que representa a inflação local, ficou em 0,42%, muito maior do que o registrando em agosto (-0,01%), de acordo com o Núcleo de Estudos e Pesquisas Econômicas e Sociais (Nepes) da Uniderp. A taxa é a mais alta desde 2015 (0,57%) no comparativo entre os meses de setembro.
Os grupos que mais contribuíram para esse resultado foram: Transportes (1,91%), Habitação (0,60%), Vestuário (0,97%) e Educação (0,17%). Segurando o crescimento do índice, ficaram Despesas Pessoais (-1,23%), Alimentação (-0,13%) e Saúde, (-0,03%).
De acordo com o coordenador do Nepes/Uniderp, Celso Correia de Souza, a inflação registrada para o mês anterior sinaliza uma retomada do processo inflacionário. "Os aumentos dos combustíveis podem ser vistos como os grandes culpados pela elevação da inflação na Capital. Para os próximos meses, o que se espera são inflações mais elevadas devido às festas de final de ano, período de aumento de consumo e, consequentemente, a inflação deverá continuar crescendo", revelou.
O professor também alerta que o alto valor do dólar pode impactar nos preços de insumos natalinos importados, bem como, outros produtos como trigo, máquinas de alta precisão, eletroeletrônicos e gasolina, recrudescendo a inflação na cidade. "Ainda com o dólar alto, pode haver favorecimento às exportações brasileiras, principalmente, de grãos e carnes, diminuindo a oferta desses produtos no mercado interno, consequentemente, aumentando os seus preços, contribuindo também para a elevação da inflação", analisa Celso.
Considerando os nove primeiros meses em Campo Grande, a inflação acumulada é de 2,86%. Nesse período destacam-se os grupos, Habitação (5,61%) e Vestuário (3,50%) com altos indicadores. O grupo Transportes (-1,97%) se evidencia pela deflação.
No acumulado dos últimos 12 meses, a taxa chega a 3,97%, resultado bem próximo da meta de 4,5%, estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CNM) para o ano todo. "Como a inflação de Campo Grande está sinalizando tendência de alta já não se pode afirmar que existem reais possibilidades de se chegar a dezembro com uma inflação acumulada abaixo dos 4,5%, como aconteceu em 2017, quando registrou 2,60%", projeta o pesquisador.
Alguns fatores poderão ajudar a retardar a elevação da inflação neste ano, como a continuidade do alto nível de desemprego no país, os altos juros praticados na economia, o grande endividamento da população fazendo com que haja queda de demanda de consumo, inclusive, em produtos de alimentação. "Não se pode ignorar que as eleições de outubro/2018 podem influenciar negativamente o controle da inflação, pois, toda incerteza política causa aumento do dólar", acrescenta Celso.
Segmentos
O grupo Habitação fechou setembro em 0,60%, reflexo de aumentos de preços com produtos como desinfetante (6,48%), lâmpada, (4,21%), lustra móveis (0,30%), água sanitária (0,29%), carvão (0,18%), entre outros. Quedas ocorreram com: esponja de aço, (-6,32%), álcool para limpeza (-5,03%), sabão em barra, (-3,18%), etc.
O índice de preços do grupo Alimentação teve deflação de - 0,13%, repetindo o comportamento de julho. As maiores elevações de preços ocorreram com: limão (46,98%), pepino (23,52%), mamão (18,23%), entre outros. Fortes quedas de valor foram constatadas com: abobrinha (-39,69%), cebola (-37,56%), beterraba (-25,20%), entre outros alimentos.
Segundo o pesquisador da Uniderp, a deflação foi resultante do clima mais ameno, que favorece a produção de hortaliças e frutas, baixando os seus preços. "Esse grupo sofre muita influência de fatores climáticos e da sazonalidade de safras, principalmente, verduras, frutas e legumes. Alguns desses produtos aumentam de preços aos términos das colheitas, outros diminuem de preços quando entram nas safras", explicou Celso.
Dos quinze cortes de carnes bovina pesquisados pelo Nepes/Uniderp, oito tiveram alta nos preços. São eles: ponta de peito (11,50%), contrafilé (10,03%), alcatra (7,41%), coxão mole (6,82%), patinho (5,40%), picanha (3,32%), músculo (3,26%) e lagarto (3,11%). O cupim permaneceu estável, mas outros seis cortes registraram quedas no valor: fígado (-6,07%), filé mignon (-1,99%), vísceras de boi (-1,65%), paleta (-1,13%), costela (-0,74%) e acém (-0,13%).
Quanto a carne suína, houve elevação de preços com a costeleta (4,43%) e a bisteca (3,78%), já o valor do pernil caiu (-7%). O frango resfriado reduziu (-3,78%) e os miúdos permaneceram com preço estável.
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