As exportações de celulose e papel e de óleos vegetais e demais produtos de sua extração de Mato Grosso do Sul já acumulam alta de 87% e 70%, respectivamente, de janeiro a outubro deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado, conforme levantamento do Radar Industrial da Fiems. Esse crescimento estrondoso provocou um aumento de 19% na receita de exportações de produtos industrializados do estado nos primeiros dez meses deste ano em relação ao mesmo momento do ano passado, passando de US$ 2,48 bilhões para US$ 2,96 bilhões.
Segundo o coordenador da Unidade de Economia, Estudos e Pesquisas da Fiems, Ezequiel Resende, apesar de o mês de outubro ter apresentado uma redução de 9% na comparação com o mesmo período de 2017, com a receita diminuindo de US$ 290,4 milhões para US$ 264,8 milhões, no acumulado do ano as exportações de industrializados estão em franco crescimento, tanto que o volume apresentou aumento de 2%. “Quanto à participação relativa, no mês, a indústria respondeu por 71% de toda a receita de exportação de Mato Grosso do Sul, enquanto no acumulado do ano essa participação ficou em 61%”, analisou.
O economista explica que, de janeiro a outubro, além dos grupos “Celulose e Papel” e “Óleos Vegetais”, os principais destaques ficaram por conta dos grupos “Complexo Frigorífico”, “Extrativo Mineral”, “Açúcar e Etanol” e “Couros e Peles”, que, somados, representaram 97,8% da receita total das vendas sul-mato-grossenses de produtos industriais ao exterior. “Os nossos 10 principais compradores foram China, Itália, Holanda, Hong Kong, Argentina, Chile, Estados Unidos, Uruguai, Coreia do Sul e Emirados Árabes Unidos”, informou.
Celulose e óleos
No grupo “Celulose e Papel”, a receita no período avaliado foi de US$ 1,54 bilhão, crescimento de 87% nos dez meses de 2018 comparado com a somatória de janeiro a outubro de 2017, dos quais 97,5% foram obtidos apenas com a venda da celulose (US$ 1,51 bilhão), tendo como principais compradores China, com US$ 818,1 milhões, Itália, com US$ 171,7 milhões, Holanda, com US$ 146,4 milhões, Estados Unidos, com US$ 102,3 milhões, e Coreia do Sul, com US$ 40,8 milhões.
“Atualmente o mercado global de celulose passa por um momento positivo, na onda da recuperação econômica dos Estados Unidos e Europa. Segundo a projeção de diferentes economistas, o ciclo do aumento de preços deve durar até 2019, uma vez que o crescimento da demanda é linear, enquanto a oferta não acompanha o mesmo ritmo. Essa constatação tem movimentado bastante o mercado brasileiro. Neste ano tivemos duas importantes notícias no segmento: a aquisição da Fibria pela Suzano e da Lwarcell pelo grupo Royal Golden Eagle (RGE), dono da April. Assim, neste e no próximo ano as exportações de celulose deverão se manter em crescimento”, analisou Ezequiel Resende.
Para o grupo “Óleos Vegetais”, a receita alcançou US$ 169,4 milhões nos dez primeiros meses deste ano, um crescimento de 70% na comparação com o mesmo período do ano passado, com destaque para farinhas e pellets, que somaram US$ 118,8 milhões, tendo como principais compradores Tailândia, com US$ 47,8 milhões, Coreia do Sul, com US$ 26,7 milhões, Indonésia, com US$ 24 milhões, Vietnã, com US$ 22,8 milhões, e Holanda, com US$ 11 milhões.
“A indústria de processamento de soja do Brasil está negociando com autoridades do governo da China maneiras de elevar as exportações de farelo de soja para o gigante asiático, que já compra cerca de 80% das exportações brasileiras de soja em grão. Há necessidade de um equilíbrio entre as exportações de grãos e farelo do País, para ajudar os processadores locais, que estão enfrentando um aumento dos custos da matéria-prima”, pontuou o coordenador da Unidade de Economia, Estudos e Pesquisas da Fiems.
Outros grupos
Já no grupo “Complexo Frigorífico” a receita conseguida na soma de janeiro a outubro deste ano foi de US$ 756,8 milhões, uma redução de 3% em relação ao mesmo período do ano passado, sendo que 36,1% do total alcançado são oriundos das carnes desossadas de bovinos congeladas, que totalizaram US$ 273,1 milhões, tendo como principais compradores Hong Kong, com US$ 155 milhões, Chile, com US$ 119,4 milhões, China, com US$ 54,5 milhões, Arábia Saudita, com US$ 47,3 milhões, e Irã, com US$ 45 milhões.
“O Serviço Federal para Vigilância Sanitária e Fitossanitária da Rússia, órgão que regula a segurança na agricultura do país, anunciou a liberação das importações de carnes suína e bovina do Brasil. A carne brasileira estava embargada no mercado russo desde novembro de 2017 e, desde o embargo, o Brasil deixou de exportar para a Rússia o equivalente a 230,4 mil toneladas, cerca de 40% de tudo o que o país teria exportado no período”, ressaltou o economista.
O grupo “Extrativo Mineral” acumula uma receita de US$ 201,4 milhões no período analisado, aumento de 14% comparado com a somatória de janeiro a outubro do ano passado, sendo que 79,9% desse montante foi alcançado pelos minérios de ferro e seus concentrados, que somaram US$ 123,7 milhões, tendo como principais compradores Argentina, com US$ 119,5 milhões, e Uruguai, com US$ 76 milhões.
“A tonelada do minério de ferro terá preço médio de US$ 59,40 neste ano, inferior ao de uma previsão anterior, de US$ 61,80, e depois cairá para US$ 51,10 em 2019 e US$ 51 em 2020. A calma nos preços surgiu depois que a maior economia da Ásia priorizou uma campanha antipoluição restringindo a oferta de algumas usinas no inverno, beneficiando o minério de maior qualidade. Ao mesmo tempo, as maiores mineradoras ampliaram a produção em novos projetos. Os preços deverão cair como resultado da moderação da demanda e do aumento da oferta, particularmente do Brasil. As importações de minério de ferro da China deverão cair gradualmente a uma taxa anual média de 0,6 por cento durante o período da projeção e atingirão 1,07 bilhão de toneladas em 2020”, detalhou Ezequiel Resende.