Para marcar o aniversário de 124 anos de Campo Grande, entenda o processo de industrialização da Capital sul-mato-grossenses, impulsionada pela rivalidade histórica entre o norte e o sul de Mato Grosso. Um dos principais pontos a serem abordados é a primeira lei de incentivos fiscais para a indústria de MSe a primeira multinacional do estado.
Rua 13 de Maio: berço dos primeiros empreendimentos industriais
Atualmente, a rua 14 de Julho é considerada a principal artéria comercial de Campo Grande. Esse papel de destaque surgiu no início do século XX, quando a 14 de Julho atraía o interesse de comerciantes por ligar a cidade à estação de trem da Noroeste do Brasil (NOB), instalada em 1914. No entanto, antes do advento da linha férrea, foi a rua 13 de Maio que serviu como berço para os primeiros empreendimentos comerciais e industriais do jovem município de Campo Grande.
Ainda na década de 1910, a rua 13 de Maio abrigou as primeiras indústrias e casas de importação e exportação de produtos do recém-emancipado município. Elas se instalaram em imóveis situados entre a Avenida Mato Grosso e a igreja de São Francisco de Assis. Havia basicamente indústrias de beneficiamento de arroz, serralherias e olarias.
Rivalidade norte-sul de MT impulsiona indústrias em Campo Grande
No final da década de 1970, o acelerado crescimento econômico de Campo Grande justificou a destinação de um local apropriado para a instalação de indústrias. Em 1977, a prefeitura municipal criou o Núcleo Industrial de Campo Grande. Só que entre os motivos para a formação do núcleo estão a rivalidade existente entre o norte e o sul de Mato Grosso uno.
"Naquele período havia uma disputa muito forte entre Campo Grande e Cuiabá. Como o Garcia Neto, governador de Mato Grosso à época, criou um distrito industrial em Várzea Grande, a resposta do então prefeito de Campo Grande, Levy Dias, foi a criação do Núcleo Industrial do Indubrasil", recorda o economista Eduardo Marcos da Silva.
O Indubrasil foi implantado em uma área de 200 hectares localizada na região oeste da cidade, às margens da rodovia BR-262, e que conta com 80 lotes entre 5 mil e 10 mil metros quadrados, nos quais se instalaram empreendimentos industriais de diversos segmentos.
Década de 1980: primeira lei de incentivos fiscais para a indústria de MS
Nos primeiros anos como capital de Estado, Campo Grande viveu um novo ciclo de crescimento econômico e expansão populacional. A cidade tornou-se um espaço atrativo para investimentos industriais de empresários locais, nacionais e internacionais. Para garantir segurança jurídica ao ambiente de negócios e permitir um crescimento ordenado das empresas, foi criada em 1984 a primeira legislação estadual de incentivos fiscais ao setor industrial.
A Lei Estadual 440/1984 instituiu o Conselho de Desenvolvimento Industrial do Estado de Mato Grosso do Sul, formado secretários estaduais e presidentes de entidades setoriais. A Fiems fez parte desse conselho, que tinha a prerrogativa de estabelecer a política de desenvolvimento industrial do Estado. Para contar com benefícios fiscais, as empresas precisavam demonstrar capacidade de geração de empregos diretos, formas de aproveitamento da matéria-prima local ou incremento da arrecadação de tributos.
Primeira indústria multinacional em MS
Em agosto de 1972, os empresários Milton Insuela Pereira e Florindo Mituo Gonda fundaram em Campo Grande a fábrica Refrigerantes do Oeste S/A, franqueada responsável por produzir e vender as marcas Coca-Cola, Fanta e guaraná Taí em Mato Grosso uno e, posteriormente, em Mato Grosso do Sul. A empresa chegou a contar com mais de 1,5 mil funcionários até ser vendida ao grupo Coca-Cola Company.
Em seu livro "E o vento não levou", Milton Insuela Pereira narra as dificuldades enfrentadas logo nas primeiras semanas de operação fabril. "Fomos surpreendidos por um violento temporal com enorme chuva e vendaval de mais de 130 km/h. Nossa fábrica foi destelhada e semidestruída em três minutos. Máquinas, matérias-primas e 1.400 sacos de açúcar Cristal, de primeira, foram expostos à enorme chuva! Prejuízo total", conta no livro o empresário, falecido em 2021.
Planejamento urbano de Campo Grande prevê polos industriais
Ruas largas e áreas verdes são características marcantes do planejamento urbano de Campo Grande. Esse crescimento ordenado da cidade reflete-se também no setor industrial. Atualmente, a capital sul-mato-grossense conta com quatro polos para impulsionar ainda mais o desenvolvimento econômico regional. Essas áreas fazem parte de uma estratégia do poder público para incentivar e atrair novas empresas à cidade.
Em maio de 2001 foi criado o primeiro polo industrial, o Wilmar Lewandowski (Sul) situado no bairro das Moreninhas. Três anos depois, em novembro de 2003, nascia o polo empresarial Paulo Coelho Machado, no bairro de mesmo nome. No ano seguinte, em março de 2004, foram criados os polos com maior concentração de indústrias, o Miguel Letteriello (Norte) e o Cônsul Nelson Benedito Netto (Oeste).
JD1 No Celular
Tenha em seu celular o aplicativo do JD1 e acompanhe em tempo real todas as notícias. Para baixar no IOS, clique aqui. E aqui para Android.
Deixe seu Comentário
Leia Também

Prefeitura fará processo seletivo para cuidadores em saúde mental atuarem na Capital

Justiça manda motorista que matou corredora pagar pensão para filha dela de 6 anos

Confira rota do consultório móvel veterinário em junho na Capital

Carreta sai repentinamente do acostamento e provoca acidente com dois veículos na BR-163

JD1TV: Amiga cria rifa para ajudar filha de corredora que morreu atropelada na Capital

Motorista que matou jovem em colisão na Três Barras vai a júri popular

Barracas credenciadas no Festival de Santo Antonio serão divulgadas na quarta-feira (27)

Projeto institui Comitê para monitorar Plano Municipal pela Primeira Infância

Ministério da Agricultura descarta suspeita de gripe aviária em Mato Grosso do Sul
