Em 516 dos 5.570 municípios brasileiros o câncer já é a principal causa de morte. Esta é principal conclusão de levantamento inédito feito com base nos números oficiais mais recentes do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM). De acordo com a análise do Observatório de Oncologia do movimento Todos Juntos Contra o Câncer (TJCC), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), a doença avança a cada ano e, com a manutenção dessa trajetória, em pouco mais de uma década as neoplasias serão as responsáveis pela maioria dos óbitos no Brasil.
Mato Grosso do Sul
A cidade de Bonito registrou 86 óbitos, sendo 21 provocados por câncer, 24% do total. O segundo município do Estado com mais mortes provocadas pela doença é Novo Horizonte do Sul. Das 21 mortes registradas, 4 (19%) foram causadas pelo câncer.
Dados
Os dados foram apresentados na sede do CFM, durante a terceira edição do Fórum Big Data em Oncologia promovido pelo TJCC, com o apoio do CFM, e que reuniu especialistas no assunto, autoridades e representantes de pacientes. Para a coordenadora do movimento e presidente e da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (ABRALE), Merula Steagall, a expectativa é de que o estudo contribua para um melhor planejamento das ações de controle, prevenção e tratamento da doença no Brasil.
“O aumento da mortalidade pela doença aqui está relacionado, também, às dificuldades enfrentadas pelo paciente para o diagnóstico e para o acesso ao tratamento. Diversos tipos de câncer são preveníveis e outros têm seu risco de morte significativamente reduzido quando diagnosticado precocemente. Nosso objetivo é alertar e engajar os múltiplos atores a somarem esforços no combate ao câncer”, destacou Merula.
Já o 1º secretário do CFM, Hermann von Tiesenhausen, enfatizou a importância de se discutir o avanço do câncer, especialmente no momento em que os candidatos a cargos eletivos elegem suas prioridades para as Eleições Gerais de 2018. “Este diagnóstico revela um grave problema de saúde pública que, a cada ano, assume maior relevância na lista de prioridades dos gestores. Na visão do CFM, é preciso envidar todos os esforços para conter essa epidemia e manter a obediência às diretrizes e aos princípios constitucionais que regulam a assistência nas redes pública, suplementar e privada no Brasil”.
Os dados mostram que a maior parte das cidades onde o câncer já é a principal causa de morte está localizada em regiões mais desenvolvidas do País, justamente onde a expectativa de vida e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) são maiores. Dos 516 municípios onde os tumores matam mais, 80% ficam no Sul (275) e Sudeste (140). No Nordeste, estão 9% dessas localidades (48); no Centro-Oeste, 34 (7%); e no Norte, 19 (4%).
Ao todo, estes municípios concentram uma população total de 6,6 milhões de habitantes. Onze municípios são considerados de grande porte, sendo Caxias do Sul (RS) o mais populoso deles, com quase meio milhão de habitantes. Outros 27 são de médio porte (com população entre 25 mil e 100 mil) e a grande maioria (478) está situada na faixa de pequenos municípios, com menos de 25 mil habitantes. Araguainha, menor cidade do Mato Grosso, é também a menor cidade da lista identificada pelo TJCC e CFM.
O Rio Grande do Sul é o Estado com o maior número de municípios (140) onde o câncer é a primeira causa de morte. Enquanto em todo o País as mortes por câncer representam 16,6% do total, no território gaúcho esse índice chega a 33,6%. Um dos fatores que pode explicar a alta incidência de câncer na região são as características genéticas da população, que pode apresentar maior predisposição para desenvolver o câncer de pele (melanoma), por exemplo.
Das 27 unidades federativas, 24 contam com pelo menos uma localidade onde o câncer é a principal causa de mortalidade. Alagoas e Amapá foram os únicos estados onde essa situação não aconteceu, além do Distrito Federal, que, por sua característica administrativa, não se divide em municípios. Nos três, a principal causa de óbito está relacionada às doenças do aparelho circulatório.
Reportar Erro