Menu
Menu
Busca sábado, 07 de setembro de 2024
SEBRAE---EmpreendeFest-2024- Set24
Brasil

Após caso Lojas Americanas, especialistas pedem mudanças na lei

Legislação em vigor não distingue gestão fraudulenta de crise comum

21 fevereiro 2023 - 10h37Da redação, com Agência Brasil

Desencadeada pela descoberta de dívidas estimadas em R$ 43 bilhões, a recuperação judicial das Lojas Americanas enfrenta a suspeita de ser o maior escândalo da história do capitalismo brasileiro. O caso, segundo especialistas, aponta as limitações da legislação atual, que pouco distingue crises comuns de empresas em dificuldades financeiras geradas por gestões fraudulentas.

Os principais gargalos, segundo advogados e juristas especializados em direito empresarial, dizem respeito a dificuldades em separar a responsabilidade de maus administradores e controladores da atuação dos funcionários. Eles também citam a falta de mecanismos eficientes para proteger acionistas minoritários e pequenos fornecedores.

Mestre em direito empresarial e cidadania, o advogado Alcides Wilhelm, com atuação em reestruturação de negócios, fusões e aquisições e direito tributário, diz que o caso das Lojas Americanas se tornou uma exceção entre os processos de recuperação judicial.

“Em tese, a recuperação judicial é um processo onde os credores são chamados a ajudar a empresa no reerguimento. O caso das Americanas acaba sendo sui generis, uma exceção. A gente ainda não pode afirmar 100%, mas tudo indica que a empresa entrou em dificuldade mediante fraudes, com demonstrações contábeis que não espelhavam a realidade. Isso é diferente de uma empresa em crise por causa da disparada do dólar ou de decisões erradas de negócios”, diz Wilhelm.

O advogado defende mudanças na legislação para que, em caso de fraude comprovada, os administradores ou controladores sejam responsabilizados como pessoas físicas, com a empresa mantendo as atividades. “Precisaríamos ter uma legislação que punisse os maus empresários, em vez da empresa”, destaca.

“Nesses casos, o dono seria afastado da administração, perderia o controle dela, o Judiciário colocaria um administrador judicial para continuar as operações e pôr a companhia à venda. Ela cobre todos os prejuízos que causou. Se sobrar dinheiro, o ex-proprietário recebe. Seria uma forma de punir os maus empresários com a perda do negócio”, explica.

Segundo Wilhelm, se essas mudanças valessem, as empreiteiras investigadas pela Operação Lava Jato teriam as atividades preservadas, com apenas os executivos sendo punidos e milhares de empregos sendo preservados. “As Lojas Americanas são uma empresa grande, com importante função social. A separação entre as pessoas físicas que cometeram irregularidades e a empresa seria o ideal para preservar as atividades”, avalia.

Minoritários

Jurista que participou da elaboração da nova Lei de Falências e está envolvido no projeto do Novo Marco Legal do Empreendedorismo, o advogado Renato Scardoa considera necessária a reformulação da legislação societária. Segundo ele, as mudanças devem conceder mais direitos a acionistas minoritários, afetados pela gestão dos administradores e controladores.

“Hoje, a gente não tem uma ferramenta mais célere e efetiva para que os acionistas minoritários possam processar administradores que ajam de maneira indevida. É muito difícil um acionista minoritário responsabilizar uma conduta indevida dos administradores. O ideal é uma ferramenta que facilite uma ação coletiva dos acionistas minoritários contra os administradores. E, havendo uma participação ou omissão indevida dos controladores, também contra os controladores”, explica.

Em relação a fornecedores, Scardoa diz que a nova Lei de Falências suprimiu um artigo que dava prioridade a micro e pequenas empresas no recebimento de créditos dentro da classe de credores composta por empresas. A nova lei acabou com a distinção, fazendo os fornecedores de menor porte receberem junto das grandes empresas. Segundo ele, o projeto do novo Marco do Empreendedorismo, destinado a criar uma legislação especial para negócios de menor porte, buscará restabelecer a preferência.

Divergências

Apesar da necessidade de mudanças na legislação, os especialistas divergem sobre como ela se daria. Wilhelm defende a separação entre a atuação de executivos, diretores e controladores do restante da empresa. “Nos meios doutrinários, começou-se a questionar se o instituto da recuperação é para uma empresa que possa ter cometido um crime ou uma fraude em relação a seus credores ou se a falência deveria ser buscada diretamente nesses casos, com a venda da companhia para terceiros”, disse.

Scardoa não concorda com uma reformulação da Lei de Falências. Para ele, o principal problema não está na legislação atual, mas no fato de que as Lojas Americanas têm o controle pulverizado, nas mãos de muitos acionistas em vez de poucos donos. “As respostas nesse caso estão na legislação. Na verdade, o que poderíamos encontrar seria talvez uma alteração na legislação societária, para que os acionistas minoritários processem os controladores e os administradores, e não necessariamente mexer na recuperação judicial”, diz.

Reportar Erro
Energisa - Ago24 02

Deixe seu Comentário

Leia Também

Bebê de 1 ano morre após ser atropelada pelo pai durante manobra de carro em SC
Brasil
Bebê de 1 ano morre após ser atropelada pelo pai durante manobra de carro em SC
Cantor de sertanejo Gusttavo Lima
Brasil
Avião de Gustavo Lima entra na mira e é apreendido em operação que prendeu Deolane
Deolane é famosa nas redes sociais
Brasil
Advogada e influencer, Deolane Bezerra é presa em operação por lavagem de dinheiro
Ex-deputado estadual Rafael Tavares (PRTB)
Justiça
Rafael Tavares perde recurso e leva multa do TSE ao tentar anular cassação
"Não vou te matar, vou te c0mer", diz homem ao invadir casa e estuprar mulher
Brasil
"Não vou te matar, vou te c0mer", diz homem ao invadir casa e estuprar mulher
Lula e Alexandre Silveira
Brasil
Governo anuncia expansão do programa de botijões de gás para 20 milhões de famílias
Ministros Herman Benjamin e Luis Felipe Salomão - Foto:
Brasil
Novos chefes do STJ serão empossados em cerimônia nesta quinta-feira
Centro de Campo Grande
Brasil
População brasileira começará a diminuir em 2042, diz IBGE
Foto: Ricardo Stuckert
Brasil
Setor de papel e celulose investirá R$ 105 bilhões no país até 2028
Aeronova da empresa Voepass
Brasil
Após tragédia, Voepass suspende temporariamente venda de passagens

Mais Lidas

A vítima foi socorrida em estado grave
Polícia
AGORA: Traficante leva dois tiros na cabeça na Vila Nasser
Veja as diferenças entre as duas pesquisas de hoje
Política
Veja as diferenças entre as duas pesquisas de hoje
JD1TV: Passageiros de caminhonete são carbonizados após acidente gravíssimo
Polícia
JD1TV: Passageiros de caminhonete são carbonizados após acidente gravíssimo
Vítima estava do lado de fora realizando a pintura na laje da academia
Cidade
JD1TV AGORA: Bombeiros montam operação para resgatar pintor eletrocutado no Centenário